Hoje eu fiz uma oração, fruto de uma dúvida que eu estava tendo nos últimos tempos: como, de fato, devemos agradar a Deus?
No mundo em que vivemos hoje, com o avanço das redes sociais e das IAs, ouvimos muitas palavras, muitas pregações, muitos ensinamentos sobre a fé. Hoje, até mesmo quem não é da fé ensina sobre ela, usando inteligência artificial. Mas, mediante a tudo isso, a tanto bombardeio das redes sociais, ouvimos o tempo todo: “Você precisa ser isso”, “Você precisa fazer aquilo”, “Para agradar a Deus, tem que ser assim”, “Só vai para o céu quem faz isso ou aquilo”.

São tantos questionamentos que foram surgindo com o tempo… Qual é o verdadeiro termômetro da nossa salvação? O que pode nos dar a certeza de que, de fato, estamos no caminho da salvação da nossa alma?
Porque sabemos que não é pelas nossas obras.
Com o passar do tempo, o fardo parece se tornar pesado. Então, fiz uma oração com sinceridade pedindo a Deus que me mostrasse, de fato, qual é esse termômetro. Qual é a coisa que eu poderia usar como bússola para permanecer na fé, e ter certeza de que minha vida está Lhe agradando.
Ultimamente, eu tenho pensado que preciso ser isso, que preciso fazer aquele serviço à igreja, que tenho que ajudar as pessoas, dar algo a elas, realizar tarefas… Enfim, são tantas cobranças sobre o que eu “preciso ser” como cristão, que todas essas exigências acabam se tornando um peso para a minha fé. Mas o Senhor Jesus disse que o fardo d’Ele é leve, e o jugo d’Ele é suave.
Com o passar do tempo, diante de tanta cobrança, sobre o que eu preciso ser, dar, aparentar, mostrar, refletir, vem tanta pressão, tanta confusão mental sobre o que precisamos ser, que no fim não somos nada. Porque quem quer ser igual a todos, acaba não sendo nada. E isso também se reflete na nossa fé.

Por isso fiz essa oração a Deus. Pedi sinceramente que Ele me respondesse. E Ele me respondeu. Como um Deus justo, grandioso, fiel e que nunca falha, Ele me respondeu em Romanos 12.
Uma das primeiras coisas que Ele me mostrou foi:
“Não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
(Romanos 12:2)
A vontade de Deus é perfeita. E quando a Bíblia diz que algo é bom, é porque é realmente bom, é algo que, lá no fundo, o ser humano deseja.
Porém, com tantas picuinhas que colocamos em nossa cabeça, nossa fé começa a transformar o fardo leve em algo pesado. E isso acontece porque queremos agregar muitas coisas ao que Deus já estabeleceu.
O que mais me chamou atenção foi o que o apóstolo Paulo disse: não podemos pensar que somos melhores do que realmente somos. Não podemos nos colocar acima dos outros, achar que somos mais espirituais, mais importantes ou mais úteis do que os outros. Devemos pensar com moderação, com equilíbrio.
Eu não estou acima de ninguém. Também não estou abaixo.
O apóstolo continua dizendo, no versículo 6, que temos dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada. Quando nos convertemos, pela graça recebemos dons.
Na igreja, há pessoas que ensinam com facilidade, que orientam naturalmente, porque isso é um dom que emana delas. Não é esforço, é graça.
“Se é de profetizar, profetizemos. Se é de ministrar, ministremos. Se é de curar, curemos. Se é de ajudar, ajudemos…”
Quando abraçamos a fé recebemos um dom. Mas até mesmo entre os cristãos, temos a mania de querer fazer tudo e querer comparar os dons.
Apostolo Paulo deu um grande exemplo: somos membros do corpo de Cristo. Assim como o corpo humano tem vários membros, não é normal que um só membro atenda a todas as funções do corpo. Meu dedo não pode querer ser a orelha!
Infelizmente, isso acontece conosco. Recebemos um dom especifco, algo que nos foi confiado, mas com o tempo queremos abraçar outros dons fruto de comparações desnecessárias. Queremos ser como os outros. Isso nos leva a um caminho exaustivo, a uma trilha que não é nossa.
Se eu sou bom em matemática, mesmo que eu ache biologia interessante, vou ter dificuldades para aprender. E na fé, é a mesma coisa. Queremos trilhar por dons que não são nossos, e aí a jornada se torna pesada.
E nessa cobrança excessiva, quem sai ganhando é o diabo. Porque o diabo fica feliz ao ver um cristão se cobrando demais. Esse cristão inevitavelmente vai se frustrar e deixar de olhar para o que Deus confiou a ele fazer.
Todos nós recebemos algo da parte de Deus.

Se olharmos nas Escrituras, vemos exemplos como Mardoqueu, que era bom em escrever as leis, Neemias, que era bom em unir forças e orientar pessoas… Todos os servos da Bíblia tinham uma particularidade. Um dom que desenvolveram com excelência.
A Bíblia não fala de pessoas perfeitas, que faziam tudo. Até o apóstolo Paulo era diferente dos outros apóstolos. Cada um com sua parte.
Então, antes de começar a se cobrar demais, pare e pense:
Qual é o dom que Deus lhe confiou, e que você não tem prestado atenção?
Será que você está desenvolvendo os dons que Deus lhe deu?
Qual é o seu dom?
Ensinar? Ministrar? Evangelizar? Pregar?
Você precisa descobrir isso. Porque quando você sabe o que Deus confiou a você, você não vai querer fazer o mesmo que o outro está fazendo, pois aquilo é o dom dele.
Num mundo cheio de comparações, precisamos ser únicos. E isso, Deus já nos deu.
Quando Ele nos dá o Seu Espírito, é para intensificar o dom que Ele nos confiou.
Lembre-se: você não vai agradar todo mundo. Você precisa ser você.
Deus lhe deu um dom especial, e só você pode desenvolvê-lo.
Até com o Espírito Santo vemos isso: nem todos falam a mesma língua, nem todos têm as mesmas palavras, nem todos têm a mesma facilidade. Mas Deus não dá o Seu Espírito por medida.
Não existe isso de “Deus deu muito para um e pouco para o outro”. O que existe são cristãos que entenderam sua particularidade com Deus, e Deus intensificou isso.
Pare de se cobrar.
Pare de se comparar.
Feche os olhos e pergunte a si mesmo: Qual é o dom que Deus me confiou?
Medite nisso.